quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A Batalha do Apocalispe

Autor: Eduardo Sphor.
(Nota 9)

Resolvi começar por um livro brasileiro porque nada mais justo do que divulgar obras nacionais que merecem destaque na lista de qualquer leitor.

E escolhi "A batalha do apocalipse" por ser um livro relativamente recente e, principalmente, por ser inovador no campo de literatura fantástica no Brasil.

Não seria verdade dizer que o livro é uma obra de arte, mas também não seria nenhum exagero adjetivá-lo com nada menos do que espetacular.

Retirei um ponto do livro por demorar a engrenar no começo e pelo fato de que um leitor distraído, possivelmente, pode vim a se perder no meio dos constantes flashbacks que o Autor faz ao longo do desenvolver da história. Isso porque traz como protagonista o anjo Ablon, renegado pelos seus e condenado a viver em um corpo material no plano terreno. Por ser um personagem milenar, por vezes, somos levados a caminhar com ele ao longo dos séculos por passagens históricas da humanidade, da mesma forma que, no minuto seguinte, somos trazidos a um Rio de Janeiro dos dias atuais, caindo abruptamente em uma "realidade" totalmente diferente da anteriormente retratada. Para mim, é a mesma sensação que se tem ao acordar de um sonho e tentar entender o porquê de tudo está diferente. Talvez a ligação entre o hoje e o ontem no livro funcionasse melhor se fosse desenvolvida de um forma mais lenta, com mais "pontos" e menos "vírgulas" entre os flashbacks e os dias atuais.

Entretanto, definitivamente, não é a toa que o livro tenha saído das telas de um computador para as prateleiras de todo o mundo: o autor brasileiro, logo demonstra ser um estudioso de historia antiga e religiosa e isso é notório em diversas passagens do livro. Tomo aqui o exemplo de uma passagem em que ele nos leva a uma Babel, tao minuciosamente retratada que transforma-se em filme em nossos pensamentos (e, inclusive nos faz querer ver o livro transformado em filme tambem), onde apresenta seus principais personagens, o anjo Ablon e a feiticeira Samira, envolvidos em um tormentoso episódio que culmina na propria destruição daquela famosa torre de Babel. =D

Aliás, em todo o livro, entra-se em um universo que, embora mítico, é difícil afastar o pensamento de que não estamos diante de uma ficção. Isso aconteceu comigo quando - ignorante em qualquer assunto de angeologia - me vi convencida pelo modo como o autor organiza esse universo, a hierarquia, as particularidades de cada entidade angelical, os conflitos, as alianças... É mais ou menos assim: quando você ler o livro, vai parar de achar que arcanjo e querubim são a mesma coisa e passar a entender como, possivelmente, poderiam ser as coisas organizadas lá no céu. =)

Tudo isso dentro de uma atmosfera apocalíptica, onde o mundo está prestes a acabar e as "trombetas do apocalipse" nada mais são do que o próprio eclodir de guerras entre os homens, descritas de uma maneira que podiam mto bem estar acontecendo em nossa época. E em que o Brasil, por ser um países "neutro", passa a ser o cenário perfeito para o desenrolar da historia, já que ainda é um dos poucos lugares do mundo que ainda não esta tomado pelo completo caos.

Livro mais que interessante, em que tomadas de flashbacks nos leva para passagens onde o anjo Ablon viveu, ora junto com a feiticeira Samira, ora sozinho, momentos da historia da humanidade como o próprio nascimento de jesus.

O livro nos traz ainda a um interessante cenário: Deus - por encontrar-se dormindo depois de ter construído a terra e os seres humanos - não nos vem guiando e observando desde que nos trouxe do pó à vida, tendo deixado nosso próprio destino e do mundo, entregue nas mãos do arcanjo Miguel, que, segundo o livro, é o responsável pelas mais variadas tragédias (como o grande dilúvio), por acreditar que a humanidade deve ser destruída. Tudo isso por inveja de algo que o próprio Deus deu aos homens e negou aos anjos - a alma. Alma que, definitivamente, não faltou ao autor Eduardo Sphor quando resolveu escrever esse livro.